terça-feira, 17 de novembro de 2009

Por que temos dificuldade em aceitar mudanças? Parte dois: Os Mecanismos de Defesa


Por Maria de Fátima Fernandes, CRP 06/9226

Outra questão muito importante quando se abordam as razões de as pessoas terem dificuldade em aceitar os processos de mudança e transformação que caracterizam a vida, é o tema dos mecanismos de defesa do ego. Mas o que significa afinal “ego”? De um modo simples, podemos definir o ego como o conjunto de representações que temos a nosso respeito, nosso auto-conceito. Esse conjunto de representações é construído ao longo da nossa vida, pois não nasce pronto, ainda que existam controvérsias sobre quando exatamente o processo de desenvolvimento egóico se inicia. Mas o ego não é apenas uma representação pessoal; ele é aquela parte da nossa personalidade voltada para a adaptação do organismo frente às condições internas e externas. Em outras palavras, o ego está preocupado em manter o equilíbrio entre as suas necessidades interiores, psicológicas e fisiológicas, e as exigências do meio social. É uma instância reguladora, reconciliadora, que busca um consenso entre aquilo que desejamos e a necessidade, também importante, de corresponder a certas normas e valores morais e sociais. O ego está voltado, portanto, para a nossa adaptação. Já os mecanismos de defesa do ego, são operações que visam protegê-lo dessas diferentes pressões, internas ou externas. Os mecanismos de defesa predominantes diferem segundo o tipo de doença considerada, a etapa de desenvolvimento em que se encontra o indivíduo e o grau de elaboração do conflito – isto é, a capacidade da pessoa em lidar ou não com uma determinada situação problemática.

Quando o Ego está consciente das condições em que está inserido, ele consegue se sair bem das situações difíceis, sendo lógico, objetivo e racional, mas quando se desencadeiam circunstâncias para as quais ele não está preparado, e que possam vir a provocar sentimentos de culpa ou ansiedade, o Ego perde as três qualidades citadas. É quando a ansiedade (ou sinal de angústia), de forma inconsciente, ativa uma série de mecanismos de defesa, com o fim de proteger o Ego contra uma dor psíquica iminente.

Há vários mecanismos de defesa, sendo alguns mais eficientes do que outros. Há os que exigem menos gasto de energia para funcionar a contento. Outros são menos satisfatórios para proteger o Ego, mas todos requerem gastos consideráveis de energia psíquica.

As defesas do ego podem dividir-se em:

a)Defesas bem sucedidas, que geram a cessação daquilo que se rejeita

b)Defesas ineficazes, que exigem repetição ou perpetuação do processo de rejeição, a fim de impedir a irrupção dos impulsos rejeitados.Tendem a gerar situações constrangedoras, compulsão à repetição e fadiga.

As defesas patológicas (doentias) – dentre as quais se encontram as neuroses – pertencem à segunda categoria. Quando os impulsos internos não encontram descarga na consciência, por conta das pressões externas, por exemplo, mas permanecem suspensos no inconsciente e ainda aumentam pelo funcionamento continuado das suas fontes físicas, produz-se um estado de tensão, com a possibilidade de irrupção (como, por exemplo, no transtorno de pânico ou no surto psicótico).

Nem sempre, porém, se definem com nitidez as fronteiras entre as duas categorias. Uma defesa bem sucedida pode às vezes atuar de forma doentia (quando excessiva, no caso, por exemplo, de pessoas que trabalham além da conta para esquecer os problemas); por outro lado, certas defesas freqüentemente doentias, são até aceitáveis ou compreensíveis em situações de grande tensão (como quando uma pessoa desata a rir, compulsiva e descontroladamente, num enterro ou velório, frente à dolorosa morte de um parente; ou quando, por exemplo, a pessoa nega que tem uma doença grave e continua a viver como se estivesse bem).

A seguir, vai uma lista dos principais mecanismos de defesa, suas características, vantagens e desvantagens:

Repressão: É a operação psíquica que pretende fazer desaparecer, da consciência, impulsos ameaçadores, sentimentos, desejos, ou seja, conteúdos desagradáveis ou inoportunos. A repressão ocorre quando tentamos desviar da mente consciente uma idéia, afeto, etc. (Ex: alguém que é religioso(a) ou casado(a) e que sente um desejo sexual por outra pessoa e reprime esse desejo; ou alguém que manifesta a vontade de agredir alguém, e reprime tal iniciativa, tentando esquecer seus sentimentos ou apagá-los da mente. Quando se diz que uma pessoa é “reprimida” estamos fazendo referência a uma pessoa que tolhe suas vontades, que impede a si mesma de ser feliz, de expressar seus desejos. A repressão é um mecanismo comum, mas pouco eficaz, pois o que está reprimido tende sempre a se tornar consciente de novo, nunca vai embora totalmente.

Sublimação: É o mais eficaz dos mecanismos de defesa, na medida em que canaliza os impulsos do indivíduo para uma postura socialmente útil e aceitável (realizações científicas, religiosas, artísticas, etc.). As defesas bem sucedidas podem colocar-se sob o título de sublimação, expressão que não designa necessariamente um mecanismo específico. Qualquer defesa pode ser considerada sublimação se for utilizada para fins socialmente úteis. O fator comum está em que, sob a influência do ego, a finalidade ou o objeto (ou um e outro) se transforma sem bloquear a descarga adequada. Na infância, a busca pela sublimação é facilitada pelas identificações com as pessoas adultas (a mãe fazendo as atividades de casa, o pai trabalhando, a família orando, etc.). Nas brincadeiras e nos jogos, a criança também pode sublimar aos poucos seus impulsos primitivos de agressividade e sexualidade, atenuando-os com o tempo. As indústrias de videogame sabem disso e apelam para esse aspecto da mente infantil. A criança muito violenta é quase sempre um sinal de incapacidade da sublimação, embora seja comum nessa idade as manifestações desse tipo (ex: brincadeiras de “briga” entre os meninos). Nem sempre o impulso precisa ser drasticamente modificado para ocorrer sublimação. Pode-se optar, evidentemente, por realizar um desejo sexual ou outro tipo de desejo livremente, ao invés de sublimá-lo; a sublimação nem sempre garante a total utilização da energia proveniente do impulso modificado.

Deslocamento: É um processo psíquico através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa (é aquilo que se pode chamar de “generalização”). Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É o caso de alguém que tendo tido uma experiência desagradável com um policial, reage desdenhosamente em relação a todos os policiais. Ou alguém que, tendo uma experiência ruim dentro de um relacionamento amoroso, começa a achar que todos os relacionamentos amorosos são ruins e infrutíferos, ou que todos os homens ou todas as mulheres não prestam, já que não se deu bem com a pessoa do relacionamento anterior (ao invés de pensar no seu papel). Por isso o nome ‘deslocamento’: a energia foi deslocada de uma situação para outra semelhante. O deslocamento também é comum nos sonhos, quando uma pessoa é representada por outra (uma mesma pessoa no sonho pode parecer ter o rosto de várias outras). Acontece também na relação do cliente com o psicoterapeuta (o fenômeno que Freud chamava de transferência). O cliente passa a enxergar no(a) terapeuta, figuras do seu passado (seu pai, sua mãe, sua esposa ou esposo, etc.). Nesses casos, a pessoa passa a agir em relação ao terapeuta como se ele fosse a outra pessoa; se teve uma relação difícil com o pai, vai deslocá-la para o terapeuta e briga com ele como fazia com o pai. É como se o Ego estivesse tentando evitar entrar em contato com o conteúdo, defendendo-se pelo deslocamento do mesmo.

Racionalização: É uma forma de substituir por boas razões ou justificativas uma determinada conduta que exija explicações da parte de quem a adota. É uma forma de mentira inconsciente, colocada no lugar daquilo que foi reprimido. Ao invés de admitir que errou numa dada circunstância, por exemplo, o indivíduo tentará justificar sua ação de diversas maneiras. A racionalização é um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude, uma ação, uma idéia, um sentimento, que ele tenha expressado. A racionalização intervém também no delírio, resultando numa sistematização mais ou menos acentuada. Como qualquer comportamento pode admitir uma explicação racional, muitas vezes é difícil decidir se esta é falha ou não. No tratamento psicanalítico encontraríamos todos os intermediários entre os dois extremos; em certos casos é fácil demonstrar ao paciente o caráter artificial das explicações que ele dá, e incitá-lo assim a não se contentar com elas. Em outros casos, os motivos racionais são particularmente sólidos, mas mesmo assim pode ser útil colocá-los “entre parênteses” para descobrir as satisfações ou as defesas inconscientes que a eles se juntam. Um exemplo é o da pessoa que justifica sua neurose obsessiva como hábito de higiene (lavar as mãos constantemente). Ela pode até possuir explicações muito boas, mas ninguém deixará de reconhecer o absurdo de suas ações exageradas em querer sempre se limpar. A racionalização também é uma forma de barrar o afeto, deixando livre apenas a idéia associada ao conflito. É comum em indivíduos que só usam o intelecto e a objetividade para resolver os problemas, nunca enfrentando as dificuldades diretamente ou nunca se deixando envolver emocionalmente.

Projeção: Este mecanismo se manifesta quando o Ego não admite reconhecer um impulso inaceitável proveniente dele mesmo e o atribui a outra pessoa. É o caso do menino que gostaria de roubar frutas do vizinho sem, entretanto, ter coragem para fazê-lo, e diz que soube que um menino, na mesma rua, esteve tentando pular o muro do vizinho. Na projeção, atribuímos a outra pessoa aquilo que está em nós, vemos nela aquilo que é uma vontade ou sentimento nosso. Sinto algo em mim, mas digo que é outra pessoa quem está sentindo. A pessoa que procede assim não tem, evidentemente, consciência disso. Trata-se aqui de uma defesa de origem muito primitiva, que vamos encontrar em ação particularmente na paranóia, mas também em modos de pensar “normais”, como a superstição. As fofocas são ótimas ocasiões para o exercício da projeção; na maior parte das vezes, as pessoas acusam os outros de estar fazendo algo que, na verdade, elas, no seu íntimo, também gostariam de estar fazendo.

Identificação: A identificação pode ser definida, segundo Freud (1921/1976) “como a mais remota [mais primitiva e original] expressão de um laço emocional com outra pessoa”. Nela, o indivíduo esforça-se por assumir as características do objeto que lhe serve de modelo, moldando seu próprio ego segundo o aspecto daquele a quem se dirige a identificação. Na identificação, queremos ser como aquele ou aquela com que nos identificamos, como a menina que quer ser professora quando crescer. No entanto, esse processo é bem diferente de uma relação verdadeira, na qual o indivíduo reconhece o outro como alguém distinto em relação a si próprio, baseando seu relacionamento com ele nessa distinção. Na identificação, a pessoa não se vê como diferente da outra; ela quer ser uma cópia do outro. Existe assim uma diferença entre identificação e amor objetal. Na relação de amor objetal, há um interesse real pela outra pessoa, sendo a libido dirigida para o objeto de amor, e não em direção ao próprio indivíduo. No amor, eu reconheço que o outro é diferente de mim, e que eu sou diferente do outro. A identificação costuma basear-se, portanto, em distorções da imagem do outro, tendendo a ser um processo parcial, em que apenas uma ou poucas características da outra pessoa são internalizadas pelo ego, ocasionando assim um relacionamento empobrecido, no qual esse outro jamais é considerado em sua inteireza. A identificação tende a constituir relações extremadas de apego e insegurança, em que o outro é visto, ou como totalmente mal, ou como totalmente bom, não se admitindo a ambivalência do objeto de amor. Todavia, a identificação também tem suas vantagens. Enquanto antecessora da relação objetal, ela prepara o caminho para um laço emocional efetivo. A qualidade comum a duas pessoas, elemento que as une na identificação, pode tornar-se assim o sucedâneo para uma relação de amor efetiva. A identificação também está na base da formação da personalidade. É por meio da identificação com os nossos pais e com outras pessoas de referências nas nossas vidas (professores(as), amigos(as), etc.) que a personalidade vai se constituindo.

Regressão: É o processo psíquico em que o Ego recua, fugindo de situações conflituosas atuais, para um estágio anterior do desenvolvimento. É o caso do jovem que, para chamar a atenção dos pais ou dos que estão à sua volta, regride para uma condição infantil, e faz birra. Ou o caso de alguém que depois de repetidas frustrações na área sexual, regride, para obter satisfações na fase oral, como o bebê, passando a comer em excesso. Para fugir dos problemas que o indivíduo enfrenta hoje, ele foge para o passado, para uma situação em que ele era criança e, portanto, menos responsável pelas situações da vida. Nem sempre a regressão se mostra clara: às vezes, as atitudes de solicitação que o indivíduo faz por atenção, podem ser interpretadas como justas, quando na verdade são imaturas. Nem mesmo o indivíduo pode se dar conta da infantilidade ou do caráter regressivo de seu comportamento.

Formação reativa: É um processo psíquico que se caracteriza pela adoção de uma atitude de sentido oposto a um desejo que tenha sido reprimido, constituindo-se, então, numa reação contra ele. Exemplo: a pessoa que manifesta agressividade contra outra, mas que reprime esse sentimento e passa a fazer o contrário, sendo atenciosa e carinhosa com a pessoa pela qual tem raiva. Ou também o avesso: a pessoa sente amor, mas nega esse sentimento, e passa a maltratar o outro como forma de se afastar e não sentir mais o sentimento amoroso inicial. O sentimento reprimido, contudo, permanece no inconsciente e pode vir à tona em momentos de explosão emocional. Nessas situações, a raiva reprimida vem à tona, e a pessoa agride o outro pelo qual tanto faz bem. Ou o oposto: da constante agressividade, a pessoa parte para uma situação de choro e pede desculpas, mostrando um afeto e uma preocupação que não haviam aparecido antes. Os efeitos adversos da formação reativa podem vir também em conta gotas: o indivíduo reprime a raiva, mas acaba expressando-a em comentários irônicos e jocosos, ou brincadeiras aparentemente inocentes; ou apresenta às vezes uma atitude irritante de reclamações pontuais, mas constantes, que denotam sua insatisfação, embora de forma velada e não violenta.

Fantasia: A fantasia consiste na realização imaginária ou simbólica de um desejo não satisfeito. Acontece com a criança, quando não pode ter um brinquedo ou doce que gostaria de ter, e passa a fantasiar a si mesma degustando do alimento ou brincando com o que queria. Também ocorre nos adultos. A fantasia é um mecanismo pouco eficaz, pois em algum momento o indivíduo perceberá que não realizou de fato o que queria. Ao contrário da imaginação, que cria novas fontes de entretenimento, a fantasia reproduz distorcidamente a realidade, sem realizar plenamente o desejo. Num longo prazo, pode inclusive acabar afastando o indivíduo de suas necessidades adaptativas, fechando-o num mundinho irreal, criado por ele mesmo.

Compensação: É o processo psíquico em que o indivíduo tenta compensar alguma deficiência ou imagem negativa que tem de si próprio, por meio de outro aspecto que o caracterize positivamente. É o exemplo do deficiente que se dedica a um determinado esporte para mostrar sua capacidade de superação, ou o indivíduo que se vê como alguém feio e decide destacar-se nos estudos. Em alguns casos, pode ser um mecanismo benéfico, desde que não recaia em formas de compensação prejudiciais (Exemplo: consumo exagerado de bebidas).

Expiação: É o processo psíquico em que o indivíduo quer pagar pelo seu erro imediatamente. Auto-flagelação (pecador). “Já que fiz tal coisa, não mereço ter outra” ou “devo pagar sofrendo”, etc.” A expiação está na base de muitos quadros de sado-masoquismo. Ela também pode se esconder em formas mais ou menos conscientes de auto-sabotagem: o indivíduo sabota suas realizações, por querer se auto-flagelar.

Negação: Processo pelo qual o sujeito nega que um pensamento, atitude, sentimento pertençam a ele. É uma espécie de cegueira: o indivíduo não consegue se reconhecer como portador daquilo que ele mesmo sente ou faz, e nega. Nesse caso, pode não haver projeção ou outro mecanismo envolvido. O indivíduo apenas se recusa a ver.

Todos esses exemplos ilustram os diferentes tipos de mecanismos que usamos para lidar com as situações da vida. Alguns deles são mais úteis, mas todos apresentam suas limitações. Quanto mais o indivíduo tem dificuldade em lidar com seus problemas, mais fará uso desses mecanismos, tentando impedir a mudança, a transformação, de ocorrerem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Por que temos dificuldade em aceitar mudanças? Uma Psicanálise da Transformação (Parte Um)

Por Maria de Fátima Fernandes, CRP 06/9226


O Homem nasce livre e por todo o lado
Está acorrentado. Mesmo quem se julga senhor
Dos outros, esse ainda é mais escravo do que eles. Como se fez esta transformação? Não sei.
- Jean Jacques Rousseau

 Por que temos tanta dificuldade em aceitar mudanças individuais, familiares, profissionais e matrimoniais? Durante a nossa vida, tendemos a adotar certas posturas, crenças, valores que frente a situações novas e inusitadas parecem não funcionar e se articular do mesmo modo. Por vezes, a lacuna entre as exigências adaptativas e nosso próprio modelo valorativo torna-se tão acentuadamente declarada, que o conflito originado se intensifica, gerando sintomas físicos e psicológicos dos mais variados. Nesse instante, estejamos conscientes disso ou não, é tempo de mudar.

Todo o processo de cura implica alguma mudança ou transformação. A atitude diante da mudança pode ser positiva e quando isto se dá, falamos então de atitude mutante, isto é, de flexibilidade e dinamismo. Mas quando a atitude é negativa, chamamos de resistência à mudança.

Dificilmente lidamos satisfatoriamente com grandes reviravoltas em nossas vidas, ou com situações em que algo de muito valor para nós, seja concreto ou subjetivo, pareça estar ameaçado. Em geral, apegamo-nos às nossas concepções e à maneira própria como construímos a realidade ou a nossa percepção dela (crenças) e resistimos veementemente antes de abandonar tudo isso, ainda que reconheçamos suas possíveis limitações. Num certo sentido, forjamos nossa identidade e individualidade, baseados em uma visão de mundo bastante específica; sentimos medo da mudança, resistimos e nos afastamos de suas conseqüências.

Num primeiro momento, há sempre o medo da perda. Tememos o desconhecido e diante dele sentimos que não estamos suficientemente preparados. Acostumamo-nos a ser e agir fundamentados em padrões e medidas previamente estabelecidos, evitando a ansiedade decorrente de um confronto direto com a realidade de nossas experiências. Dessa forma, defendemo-nos, receosos dos benefícios e garantias envolvidos em um processo de mudança significativo. Como diz o provérbio popular: “mais vale o mal conhecido do que o bom por conhecer”.

Às vezes, o medo atinge proporções ainda maiores e cresce a incapacidade em aceitar a situação. Daí, podemos simplesmente refugiar-se do conflito ancorando-se num quadro depressivo ou, quem sabe, encontrar um “bode expiatório” que nos sirva de um bom “saco de pancadas”. É comum o fato de as pessoas descarregarem sua própria insatisfação e agressividade “no quintal do vizinho” o que, aparentemente, alivia a angústia e oferece uma explicação ou significado provisório ao dilema enfrentado. No entanto, se quisermos, de fato, alcançar uma cura integral, teremos, em última instância, que acertar nossas contas com a realidade (seja ela a realidade individual ou social), ao invés de “fazer de conta” que o problema não é conosco, senão com o vizinho ou com o mundo. E isso, sem dúvida, cabe tanto a uma única pessoa quanto ao grupo do qual ela faz parte.

A concepção do ser humano enquanto alguém isolado ou individualista constitui uma idéia bastante equivocada. O Homem é, acima de tudo, um ser social, e não sobrevive a não ser em relação com outros homens. Todo o indivíduo, desde o nascimento (e mesmo antes), está inserido num grupo; de sua participação e adequação a determinado contexto sócio-cultural é que dependem a sua sobrevivência e desenvolvimento futuros.

O primeiro dentre os grupos, núcleo fundamental de formação da identidade, é a Família. Nela aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. Dentro dela reproduzem-se, cotidianamente e em escala reduzida, as construções imaginárias, o arcabouço cultural, as contradições, os preconceitos e estereótipos de um povo. É ainda na Família que assumimos os papéis sociais mais duradouros de pai, mãe, filho, irmão, etc.

Seguindo o mesmo raciocino usado para explicar o funcionamento de um único indivíduo, podemos dizer que a Família também passa por momentos de transição em que o mecanismo de resistência à mudança está presente e interfere na adaptação ativa de seus membros. Isso nos permite dizer ainda que a doença mental ou psicossomática de um indivíduo, frente a uma situação de difícil mudança (e, portanto, de stress), não deve ser atribuída exclusivamente a essa pessoa; antes, deve ser encarada enquanto resultado de uma patologia grupal. Diríamos que o paciente que enuncia algo (seja um sintoma ou uma queixa qualquer) é ao mesmo tempo, porta-voz de si e dos problemas e conflitos enfrentados pelo seu grupo familiar.

Para entender melhor, comparemos a família ao funcionamento do corpo humano. Há certos órgãos que costumam serem depositários de todas as tensões, e chega um momento no qual a quantidade de depósito supera sua resistência; surge então a doença (úlcera, infarto, asma, hipertensão, etc.). Semelhantemente, o porta-voz assume o peso do depósito maciço feita pelos demais, sua resistência diminui após certo tempo e lhe sobrevêm as complicações físicas e emotivas. O doente desempenha assim um papel importantíssimo no grupo: o de depositário de aspectos negativos ou atemorizantes.

Trata-se de um fenômeno bem conhecido em Psicologia, ao qual damos o nome de projeção. É um conceito razoavelmente simples de se entender e extremamente útil, não só ao psicólogo, mas a quem quer que se interesse pelo comportamento humano. Como vimos antes, nem sempre estamos prontos para mudar. Assim sendo, em nossas relações, nem sempre estamos dispostos a assumir certos “defeitos” e a lidar com a angústia e a ansiedade geradas pelo reconhecimento de nossas contradições. Estas se tornam, então, ameaçadoras e dignas de afastamento; afinal, quem quer ser contraditório e imperfeito? Melhor seria se nada disso existisse em nós; que só houvesse características positivas e socialmente aceitas. Nesse “mato sem cachorro”, a única saída, na maioria dos casos, é imaginar que “nada disso me pertence, efetivamente; não é meu, eu não sou assim... ele(a) ou eles(as) é que são assim”. Desse modo, eu me esquivo suavemente do compromisso desagradável com a minha “sombra” e passo a enxergá-la não mais sobre meus pés, mas aos pés de outrem. Ela agora está projetada muito além de mim, embora ainda me pertença, sem que eu mesmo saiba ou tenha consciência disso.

Dentro de um grupo, o fenômeno descrito é bastante comum e pode-se dizer que constitui a chave para entendermos o conceito de porta-voz. O porta-voz é a pessoa que serve de objeto às projeções grupais. Certos aspectos seus falam em nome de si e de todo o restante e é basicamente nesse sentido que se dá a escolha de um ou mais porta-vozes. Muitas crianças que recebem atendimento psicoterapêutico infantil são porta-vozes em seus lares. Elas sofrem não porque sejam doentes, mas porque ficaram assim em decorrência da família, de servirem como um receptáculo para os problemas familiares.

Felizmente ou infelizmente, a projeção é um fato do qual não temos como nos desvencilhar completamente. Há quem diga ser ela um recurso humano indispensável, uma útil defesa contra a ansiedade e a angústia. O seu uso exagerado, no entanto, tende a enrijecer as oportunidades de crescimento, favorecendo condutas irrealistas e prejudiciais; também parece indicar a necessidade de um auxílio terapêutico especializado.

Mas o processo de mudanças, seja individual, seja familiar, grupal, etc., nunca é um processo simples. E isso é assim porque embora haja um desejo de nossa parte em mudar, sabemos que a mudança pode implicar grandes transformações às quais não queremos correr o risco, até por conta daquilo que em Psicologia chamamos de Ganho secundário. Por exemplo: muitas pessoas se sentem infelizes em seus casamentos, e tentam levá-lo adiante por anos a fio, quando, algumas vezes, o melhor a se fazer é assumir a separação. Contudo, nesse meio tempo, a pessoa foi se acostumando com a condição financeira do casal, com as mordomias, com a segurança de ter alguém conhecido e previsível ao lado, e assim por diante. Parece ser fácil se desfazer dessas coisas para alguns, mas para outros não é. Alguns casais também evitam separar-se por conta dos filhos, temendo que estes fiquem traumatizados ou deixem de gostar dos pais. Novamente, o medo aparece, impedindo uma mudança que pode ser benéfica. A aceitação dos filhos dependerá sempre de como os pais se separam. Eles podem se separar como inimigos e usar os filhos como um meio de atacar um ao outro, fazendo chantagens e afastando a criança do outro cônjuge; ou podem optar por uma separação mais amistosa, tentando, pelo menos, não deixar que seus conflitos interfiram no desenvolvimento de seus filhos. Nesse último caso, é mais fácil a criança compreender, pois não se sentirá culpada por nada, e embora sofra, conseguirá lidar melhor com esse processo, se houver honestidade e sinceridade por parte dos pais. É importante lembrar que nem sempre a transformação, em um casamento, implica separação. Os cônjuges podem optar por permanecerem juntos, mas buscar, ainda assim, uma transformação no seu dia-a-dia, na maneira como lidam um com o outro, na sua rotina, na sua vida sexual, e assim por diante. Algo que nos caracteriza como seres humanos, é a nossa criatividade para adaptação e mudança. Podemos inovar de inúmeras formas, e a psicoterapia pode auxiliar muito nesse processo, ajudando a resgatar o relacionamento amoroso.


Ainda a respeito da mudança, devemos lembrar que existem fatores inconscientes interferindo nesse processo. A maioria das pessoas não muda, não porque não quer mudar, mas porque não consegue. Uma parte dessa pessoa deseja curar-se; a outra parte está apavorada e procurará defender-se o quanto puder das eventuais mudanças. Devemos partir do pressuposto de que as pessoas nem sempre (ou quase nunca) estão devidamente esclarecidas a respeito de si próprias. Em Psicologia sabemos, por exemplo, que certos padrões de comportamento podem tornar-se automáticos, passando a constituir um estilo de resposta habitual e involuntário. É mais ou menos como dirigir um carro e trocar as marchas sem se aperceber disso; a ação tornou-se natural, inconsciente. O problema é quando “aprendemos” a fugir de nossas tarefas e responsabilidades e essa atitude passa a fazer parte integral da maneira como agimos e pensamos. Esta, na verdade, é a base daquilo que se chama muitas vezes de auto-sabotagem. A psicoterapia pode ajudar no processo de conscientização, fornecendo recursos para o indivíduo aceitar suas dificuldades e limitações, e confrontar seus medos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O que é o ciúme? Uma visão psicanalítica


Trata-se de um estado emocional normal, tal qual o luto, e todos podem manifestá-lo.

A negação do ciúme indica forte repressão de tal sentimento, o que o fará desempenhar um papel muito maior na vida mental inconsciente.

Existem três camadas do ciúme:

1) Competitivo ou normal;

2) Projetado;

3) Delirante

Os três tipos estão sempre em interação, com predominância de um ou outro em cada caso.

1) Ciúme normal

- Características: pesar, sofrimento por perder o objeto amado para um outro.

- Inclui também um elemento de ferida narcísica (“Quem ele/ela pensa que é para me trocar por aquele/aquela insignificante? Logo eu?”).

- Sentimentos de inimizade contra o(a) rival bem-sucedido(a), acompanhados de certa autocrítica e culpa por ter perdido o objeto amado.

- Embora possa ser chamado de normal, este ciúme não é, em absoluto, racional.

- Pelo contrário, ele enraíza-se no inconsciente do indivíduo, chegando até as primeiras manifestações emocionais da vida da criança, no complexo de Édipo.

- Deriva também das intrigas entre irmãos na infância, competindo pela atenção dos pais.

- Em certas pessoas, é experimentado bissexualmente: um homem não apenas sofrerá pela mulher que ama e odiará seu rival, mas sentirá pesar pelo rival, a quem ama inconscientemente, e ao mesmo tempo, ódio pela mulher, como sua rival. Esse último conjunto de sentimentos adicionar-se-á à intensidade do seu ciúme heterossexual.

- Esquematicamente, temos:

2) Ciúme projetado

- Origina-se, tanto no homem quanto na mulher, da sua própria infidelidade na vida real, ou de impulsos no sentido da traição que foram reprimidos.

- Por não aceitar em si mesmo tais impulsos, a pessoa os projeta em seu(sua) companheiro(a).

- Quanto mais o indivíduo nega tais impulsos, por razões morais ou sociais, mais forte será a pressão compensatória dos mecanismos inconscientes, sendo também maior a projeção.

- Esse tipo de ciúme é alimentado ainda pelos eventuais comportamentos de infidelidade do(a) companheiro(a) – quer sejam concretos, quer fantasiados. É como se a pessoa ciumenta ficasse mais atenta a qualquer deslize do outro, exagerando-os no sentido de justificar suas queixas a respeito e continuar mantendo suas projeções.

- Esse tipo de ciumento não conhece a tolerância e não aceita ficar para trás de modo algum. Trata-se de um ciúme quase delirante, mas não difícil de tratar

3) Ciúme delirante

- Assim como o tipo anterior, este ciúme também advém de impulsos de infidelidade reprimidos. Todavia, neste caso, o objeto é do mesmo sexo do indivíduo.

- Trata-se de uma forte homossexualidade (estrutural) que tomou seu curso entre as formas clássicas de paranóia ao invés de ser vivenciada concretamente pelo indivíduo. No ciúme delirante, os outros dois também aparecem.

- Tanto no homem quanto na mulher, o ciúme delirante pode ser esquematizado da seguinte maneira (tomando como exemplo o homem):

Texto e figuras por Maria de Fátima Fernandes.
Baseado em Freud: "Alguns Mecanismos Neuróticos no Ciúme, na Paranóia e na Homossexualidade".

Orientação vocacional


Descobrir nossa vocação na vida está longe de ser tarefa fácil, e muitos jovens se vêem diante desse dilema quando estão para atingir a fase adulta. O mesmo também pode ocorrer com pessoas que trabalham há anos numa dada profissão, mas que, num determinado momento de suas vidas, resolvem mudar de rumo e seguir outro caminho profissional. Do que eu gosto de fazer? Quais os passos para descobrir? Como lidar com as dúvidas, as crises, as incertezas, as ansiedades que caracterizam esse processo de escolha? Essas são apenas algumas das perguntas que um trabalho de orientação vocacional pode ajudar a responder. Por meio dele, você verá que descobrir uma vocação é mais do que escolher uma boa profissão: é um processo de decisão que envolve a devida consideração de fatores econômicos, mas também emocionais, sociais, familiares, e a própria descoberta de si mesmo, de suas aptidões e habilidades. Nossas escolhas dizem muito sobre nós mesmos, sobre a nossa história de vida, nosso passado, presente e futuro. Elas ajudam a entender quem nós somos e o que seremos amanhã. E você pode contar com o auxílio de um profissional da Psicologia nessa caminhada.

Atendimento domiciliar


Dentre as atividades práticas do psicólogo está o atendimento domiciliar, que pode ser efetuado mediante as seguintes determinações:
- Quando a pessoa atendida não tem condição de se locomover ou encontra-se em estágio terminal;

- Deve haver expressão da vontade da pessoa atendida;

- Quando o psicólogo atua na área judicial e é designado para isso;

- Programa Saúde da Família: quando o psicólogo fizer parte de equipe de saúde da família;

- No caso de atendimento aos que têm liberdade assistida;

- Quando se trata de uma estratégia específica de intervenção psicológica.
Contudo, esta prática deve ser feita segundo a regência do Código de Ética Profissional do Psicólogo:

O Artigo 1º do Código de Ética alerta que é dever fundamental do psicólogo:
Art. 1º- É dever fundamental do psicólogo
Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos dos usuários ou beneficiários de serviços de Psicologia.
É preciso atentar para outras legislações, como o Código de Proteção e de Defesa do Consumidor.
Não há obrigatoriedade de realizar o contrato por escrito. Fica a critério do profissional a redação (ou não) de um contrato formal/escrito.
Resolução CFP n.º 011/2000, de 20/12/00,
Regulamenta a oferta de produtos e serviços ao público, entre outras.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Psicologia Clínica

A psicologia clínica é a área da psicologia voltada para o diagnóstico e tratamento de distúrbios emocionais, comportamentais e cognitivos. Existem diferentes modalidades de psicoterapia clínica, incluindo atendimento individual, infantil, grupal, familiar e de casal. Veja aqui a relação dos serviços prestados pela psicóloga Maria de Fátima.

Atendimento individual


A psicoterapia individual pode ser realizada tanto por jovens quanto por adultos. Não existe uma regra ou condição rígida para se buscar a terapia: alguns a procuram porque não sabem o que fazer diante de seus conflitos; outros receberam do médico ou outro profissional de saúde um pedido de encaminhamento; e há também aqueles que simplesmente desejam se conhecer melhor enquanto pessoas. Em alguns casos, as três condições podem estar presentes. O mais importante é que o indivíduo esteja disposto a se tratar e seguir adiante com as recomendações de seu terapeuta. Qualquer um pode vir a necessitar dos serviços de um(a) psicólogo(a).

Atendimento infantil


Os pais às vezes se queixam de certos comportamentos dos filhos e nem sempre sabem como lidar com birras, atitudes violentas e irritadiças, ou mesmo apatia, tristeza, medo, problemas de aprendizagem e dificuldades na escola, etc. Além disso, situações como divórcio ou morte de um dos pais, tendem a gerar na criança bruscas alterações emocionais e comportamentais, as quais necessitam de um cuidado especializado. Em tais momentos, os pais não precisam se sentir incapazes por não conseguirem resolver a situação do(a) filho(a), e nem se sentirem rebaixados na sua função por estarem procurando ajuda terapêutica. Sempre que se sintam inseguros quanto ao que fazer em relação aos seus filhos, os pais podem requisitar a ajuda da Psicologia. A psicóloga então lhes orientará, sem que os pais deixem, entretanto, de desempenhar o seu papel na educação dos filhos.

Atendimento grupal


O atendimento grupal é realizado, em média, com um número de oito participantes, e tem como sua principal vantagem a possibilidade de que o indivíduo compartilhe com os demais as suas experiências, ao mesmo tempo em que aprende com as experiências relatadas pelos outros integrantes. A vivência grupal é normalmente mais dinâmica, sendo enfatizadas características como o espírito de equipe e ajuda mútua. A formação dos grupos se dá em torno de uma problemática compartilhada pelos seus integrantes e várias são as técnicas empregadas pelo(a) psicólogo(a) para a mobilização dos participantes.

Atendimento familiar


A terapia familiar visa o tratamento de questões familiares conflituosas, buscando uma maior integração e equilíbrio no relacionamento entre os membros da família. A Psicologia sabe que muitos dos nossos problemas emocionais surgem dentro da família, e é a partir desses primeiros vínculos familiares que se forma a nossa capacidade de se relacionar com as pessoas num contexto social mais amplo. É dentro dela que se desenvolve boa parte de nossa personalidade e caráter. A família é um sistema complexo, e o conflito de um de seus integrantes pode acabar afetando, de um jeito ou de outro, os demais familiares, assim como tende a expressar questões mais profundas a serem trabalhadas a partir dos papéis desempenhados por cada um no contexto familiar.

Terapia de casal
O casamento vem passando, atualmente, por uma série de mudanças. Grande número de pessoas tem se divorciado recentemente, por não conseguir enfrentar as dificuldades inerentes ao casamento. Dentre as dificuldades mais comuns dos cônjuges, as quais tendem a prejudicar seu relacionamento em médio ou longo prazo, estão as questões de ordem sexual, ordem financeira, desentendimentos e a dificuldade de renovar o casamento e sair da mesmice, principalmente após o nascimento dos filhos (que tomam grande parte do tempo dos pais) ou depois de muitos anos de convívio. A terapia de casal pode ajudar a resolver esses dilemas tão comuns em qualquer relação amorosa, e revelar as origens de certos conflitos a partir de uma elucidação maior da história individual de cada cônjuge.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Psicoterapia... para quê?


Vivemos hoje em uma sociedade bastante conturbada e isso tende a afetar consideravelmente nossa saúde física e mental. É comum em nosso dia a dia ouvirmos as pessoas relatando sintomas de desespero, angústia, pânico, estresse ou mesmo dificuldades de relacionamento no emprego, com parentes, filhos ou pessoas próximas.
A enorme variedade de caminhos que o mundo globalizado e complexo de hoje nos oferece tende também a tornar os indivíduos inseguros no momento de tomar certas decisões que consideram significativas em suas vidas, como a escolha de uma profissão, casamento, separação, morte ou qualquer outra situação que envolva grandes mudanças, com as quais nem sempre se está preparado para lidar. O mesmo acontece com empresas, escolas e outros tipos de instituição, já que estas são formadas, evidentemente, por seres humanos; assim, os problemas de indecisão, insegurança, estresse, dificuldades de relacionamento interpessoal, etc. observados em casos individuais, estão também presentes no cotidiano de grandes organizações.
Esses são apenas alguns dos muitos exemplos de situações que um(a) psicólogo(a) pode ajudar uma pessoa ou uma instituição a enfrentar, com base em seu conhecimento. A Psicologia é uma ciência que conta hoje com diversos recursos práticos e terapêuticos eficazes e por meio dela é possível obter uma maior compreensão de si mesmo e das dificuldades adaptativas que fazem parte da vida humana.
Mais do que “uma simples conversa”, como se diz no senso-comum, o trabalho psicológico envolve, na verdade, um aprofundamento e uma perspectiva mais clara das questões conflituosas, possibilitando assim a tomada de decisões mais assertivas e conscientes.
Muitas pessoas deixam de recorrer ao auxílio de um(a) psicólogo(a), por acharem que esse tipo de tratamento só é oferecido para pessoas “doidas”, isto é, que tenham algum tipo de transtorno mental grave. Mesmo com a expansão cada vez maior da Psicologia nos dias de hoje, são muitos os que continuam a pensar desse modo. Todavia, isso não é verdadeiro, pois qualquer um pode vir a necessitar dos serviços de um(a) psicólogo(a), já que todos passam, em algum momento da vida, por dificuldades emocionais que não conseguem resolver sozinhos, o que não significa que estejam gravemente enfermos. 
O trabalho psicológico é também um espaço de acolhimento e de escuta, onde se tem a possibilidade de ser ouvido e de ouvir, sem o risco da crítica destrutiva ou do julgamento. O profissional da Psicologia, pela sua própria formação, está voltado primordialmente para o espírito de ajuda e esclarecimento, e está também consciente da complexidade das relações humanas e das angústias, ansiedades e outras reações que fazem parte da vida e da condição humanas.
Venha conhecer, por meio destas páginas, algumas das muitas possibilidades de trabalho psicoterapêutico oferecidas por nós, envolvendo atendimentos individuais, grupais, familiares, terapia de casal, orientação vocacional, dentre outros.

Maria de Fátima Fernandes
Psicóloga / CRP – 06/92261