quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Psicoterapia Psicodinâmica Breve: saiba mais

OS PRECURSORES

Os precursores em PB, a partir da observação de seus primeiros tratamentos, constataram que é possível a construção de uma abordagem terapêutica alicerçada no tripé: Foco, Estratégia e Objetivo. O que se pretende não é fazer um estudo aprofundado e sim focado em tempo limitado, utilizando-se, para isso, de metodologias e estratégias específicas. Dentre os antecessores da moderna PB, encontramos as seguintes contribuições:

FREUD: é possível estipular semelhanças entre a forma de trabalho desenvolvida por ele e algumas propostas da PB atual como, por exemplo, a remissão de sintomas através de uma análise mais ativa. Freud também reconheceu a necessidade de se abreviar o tratamento, mas não desenvolveu meios para isso.

FERENCZI: referia-se à técnica ativa, baseada na intensificação do processo transferencial.

RANK: defendia a tese da ansiedade primordial e do trauma do nascimento. Num segundo momento, ele fala das questões ligadas à dependência e independência, separação e ligação emocional. Sua grande contribuição a PB, no entanto, veio com o conceito de término da análise e o conceito de “Will Therapy”, ou motivação para mudança.

ALEXANDER & FRENCH: seu trabalho é considerado o marco inicial de PB. Criaram os conceitos de experiência emocional corretiva e o “Princípio da Flexibilidade”.

MESSER & WARREN: trouxeram contribuições importantes, como a mudança da ênfase no intra-psíquico para a psicologia interpessoal e relacional. Enfatizaram a importância da experiência real do paciente e as PB ecléticas.

AS PB PSICODINÂMICAS MODERNAS

Dada a grande quantidade de autores, MESSER & WARREN classificam as diferentes abordagens teóricas e técnicas de PB como a seguir:

 Modelo estrutural ou do impulso

MALAN estabelece que haja uma hipótese psicodinâmica de base, a partir de um diagnostico que inclui entrevistas e testes psicológicos, com o intuito de identificar o conflito primário. Sobre a hipótese diagnostica psicodinâmica de base se planeja o trabalho terapêutico, que é feito através da intervenção ativa e seletiva, e tem tempo e objetivo delimitados.

SIFNEOS desenvolveu a PB provocadora de ansiedade, que é dirigida a pacientes criteriosamente selecionados com problemas fundamentalmente edipianos. A partir da hipótese psicodinâmica o terapeuta adota uma postura bastante ativa, que visa levar o paciente a se defrontar com seus conflitos.

DAVANLOO propôs uma técnica altamente ativa de confrontação e manutenção de foco, que se utiliza, desde o inicio, de interpretação da transferência, das defesas, dos sonhos e das fantasias, e da construção genética. Resulta que a utilização dessa técnica depende da existência de uma SÓLIDA aliança terapêutica. As críticas ao modelo estrutural incluem o fato de que aquilo que estes autores definem como uma postura mais ativa, resvala, por vezes, em uma atitude autoritária.

 Modelo relacional

MESSER & WARREN classificaram como modelo relacional de PB uma filosófica da ciência que inclui o reconhecimento da natureza contextualizada do conhecimento e da pluralidade dos pontos de vista refletidos na psicanálise, gerando uma nova visão da teoria da personalidade, da psicopatologia e da técnica psicoterápica.

Este modelo dá ênfase nas relações objetais como clinicamente centrais; nessa visão, a unidade básica de estudo não é o indivíduo como uma entidade separada, cujos desejos se choca com a realidade externa, mas um campo interacional dentro do qual o indivíduo surge na luta para fazer contato e para se articular. O modelo relacional foi criticado por não se preocupar tanto com a técnica em si (mas com a interação cliente-terapeuta) e por dificultar a utilização de métodos tradicionais de pesquisa.

 Modelo integrativo ou eclético

Este modelo baseia-se na tendência a integrar técnicas e conceitos de diferentes tradições terapêuticas visando aumentar a eficiência e o espectro de aplicação.

MANN unifica em sua teoria os principais constructos dos modelos anteriores (impulso, ego, objeto e self), considerando-os complementares. Sua psicopatologia é também de abordagem integral, seguindo a perspectiva do desenvolvimento; mas ela generaliza para todas as neuroses um tipo de conflito básico e universal e a técnica daí decorrente é radical e não resulta numa flexibilidade e aplicação mais amplas.

Os modelos posteriores ao constituído por MANN tentaram a integração através da procura de fatores comuns nos diversos modelos, no ecletismo técnico (ou seletividade) e nos esforços de integração teórica. Neste último quesito, sobressai o trabalho de PROCHASKA com sua “terapia transteórica”, fundamentada numa análise comparativa dos maiores sistemas psicoterapêuticos. O modelo eclético tem sido bastante criticado pela utilização de termos e conceitos, fora de seu contexto de origem (dando margem à modificação de seus significados ou a uma mistura indiscriminada), mas tem sido útil na diminuição do dogmatismo e exclusivismo teóricos.

Os autores sul-americanos

O desenvolvimento das PB em países sul-americanos reflete o contexto cultural e a urgência das demandas. Esta situação exige flexibilidade no trabalho terapêutico e adequação às necessidades do paciente.

KNOBEL acentua questões sociais e econômicas em seu trabalho e uma constante preocupação com a viabilidade da indicação terapêutica, que deve ser escolhida de forma realista. Segue um diagnóstico holístico, a partir de uma gestalt bio-psico-social do paciente num determinado momento de sua vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário