quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O valor da decisão

É necessário que eu me conheça? Por quê? Para quê? A princípio, parece que a vida está transcorrendo de forma produtiva e não há motivo para qualquer preocupação, ou seja, que maravilha! A vida é o que é! Ainda há tempo para (“o depois”). Quando estiver pronta, vou tomar novos rumos, vou me conhecer. Contudo, a vida se impõe, e torna-se impossível não traçar “uma diretriz” para sair da gama de múltiplas opções. Então se percebe que tantas oportunidades parecem existir, mas continua-se no lugar onde sempre se esteve. Oh! Céus... Um dia encontro um caminho para mim! A vida segue... perpetua a sensação da ausência de um sentido que justifique a inércia, a ilusão de uma busca... A busca... do quê? Talvez, num primeiro momento, a busca seja só uma tentativa de convencimento de que se está atuante. Porém, o apego ao sei lá o quê, mantém a vida exatamente imóvel, fixa ao provisório. É a auto sabotagem mais convincente que o nosso inconsciente concebe. Ainda bem que existe “o destino”, este não obedece a normas e ignora as leis dos homens. Quando se apresenta, não demora nada, para se instalar e cobrar seu ônus. Tudo o mais vem definitivamente encabeçando o caráter provisório da vida. Resta saber o quê, então, pode-se fazer! Mais tempo, mais tempo, você pede em vão, enquanto o seu esforço consiste em não racionalizar seus desejos, você diz a si mesmo, “está bem assim”. Será isso mais um distanciamento do caminho para a escolha da vida almejada? Sempre que se tem a sensação de que agora é o momento da escolha certa, apenas parece ser, porque novamente as dúvidas atrapalham a tarefa de decidir, de anular outras chances de escolha. O caminho não transcorre de forma afiançável, não promove quaisquer benefícios, o lugar ou o espaço ainda são os mesmos, e de tão familiar apresenta-se como uma expressão de vida confortável e, assim, como uma aparente nova realidade. Contudo permanece no processo de crença, no qual a razão não impera, está fora dessa questão, a da validação de uma perspectiva futura, com dados concretos, objetivos, tais como: - dois mais dois são quatro estes dados parecem longínquos desse resultado tão objetivo. Perceber sua vida é ganhar consciência da maneira como é conduzida, é encontrar a saída, mas, se preferir viver na constante espera de situações que venham a lhe permitir dispor de condições, para sua libertação, poderá se esquecer de quem é, e se ocupar com os desejos de outrem, ouvindo indubitavelmente o outro a lhe dizer o que deve ou não fazer. Dificilmente decidirá o que quer pra si. Pensar sobre si mesmo é forçar-se a cumprir suas próprias exigências. O que falta para criar asas e voar? Eu vou dizer: - perder o medo de se perceber como é. Não irá adiante enquanto não se cansar de ser o que não é. Pra que mentir pra si mesmo. Por quanto tempo mais, irá aguentar esta condição? O preço é bem alto, a vida é uma ciranda que não espera para libertar quem não faz nada para entender que é preciso trabalhar seus medos, conflitos, inseguranças e pôr fim às suas amarras. São notórios os projetos inacabados, tarefas ininteligíveis e indignas, tornando-se barreiras intransponíveis para o progresso dessa existência. Perguntar-se quais são os projetos inacabados e intransponíveis é um simples exercício. Sim, é um simples exercício, mas que talvez tenha o poder de mudar esses mesmos percursos tidos como impróprios. É possível que tais projetos possuam facetas valorosas capazes de mobilizar os recursos verdadeiros e abrir novos horizontes, mas há ainda um longo caminho a ser trilhado até seu adequado reconhecimento. Para aquele que não está habituado com o processo de tomada de decisão, não sabe o que fazer para erguer a bandeira do sim ou do não. Custa-lhe muito escolher entre o certo ou o errado, custa-lhe vencer o poder da paralisia. Como ocorre com pessoas que levam suas vidas na inconsciência de seu poder de decisão, não é de admirar que não estejam aptas a pensar na possibilidade de novas escolhas. A vida se arrasta sem deixar lugar para atitudes concernentes. Quem pode mais, faz menos, ou, será que me engano? Essa é a temática que leva a uma reflexão bastante construtiva. Parece que ninguém gosta de perder tempo praticando seus potenciais, ou melhor, julga que isso é perda de tempo. As atitudes não se alteram sem muito trabalho ser feito. Para lapidação é necessário muito empenho e determinação. Por isso é mais razoável eximir-se de todo o complexo de culpa, assim como é mais fácil ir ao Shopping Center comprar, comprar, seja lá o que for, traz alívio e bem estar. Qual é o seu valor? ... “Pense bem”. A busca pelo caminho da sinceridade é longa, talvez maçante, nem sempre possuem atrativos, pois ela requer paciência e coragem. Aquele que se quer bem, faz por onde e vai além, não importa o quanto terá que se desdobrar para vencer suas limitações e chegar aonde quer chegar. É provável que nem todos tenham facilidade em agir assim, é menos complicado para os que já têm consciência, ou uma semiconsciência de suas potencialidades. Costumo dizer que todo aquele que tem consciência executa a ação, não se prende a limites ou entraves, nesta condição, já é livre de condicionamentos. É preciso também submeter seus desejos à razão e transformá-los em dados reais, ou seja, colocar em prática suas idealizações, não se ocupar simplesmente com fantasias e deixar ao acaso suas responsabilidades. Deve aproveitar as oportunidades que se apresentam e se satisfazer com suas ações concretizadas. A frustração cede lugar à autorrealização. “Quem pode, pode”! Assim diria aquele sujeito que não se concebe autossuficiente para encarar a insolidez de suas atitudes. Difícil organizar a vida quando não existe equilíbrio entre a fantasia e a realidade, ou melhor, quando se mistura dados insuficientes de realidade com excesso de devaneios. E o que é um devaneio senão a necessidade de sonhar-se acordado, talvez, como gratificação pela inexistência de objetivos mais conscientes?

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